A participação das mulheres na História com frequência é apagada das narrativas oficiais. Muitas vezes nem sequer sabemos que havia uma mulher por trás de algum feito marcante ou revolucionário. Mas elas sempre estiveram — e estão lá — na ciência, na política ou nas artes. Inúmeras mulheres tiveram papéis fundamentais em momentos, mudanças e descobertas da Humanidade, ocupando estes espaços com coragem, criatividade e força, apesar do mundo muitas vezes insistir que ali não era o seu lugar.
Para rechear a quarentena das leitoras de CELINA com essas histórias, selecionamos dez documentários e filmes que eternizaram nas telas a vida de mulheres que mudaram o mundo de alguma forma.
O documentário conta a história da tenista americana Althea Gibson (1927-2003), a primeira mulher negra a ganhar Roland Garros, em 1956, e Wimbledon, em 1957, quando recebeu o troféu das mãos da rainha Elizabeth II. Nas décadas de 1940 e 1950, dentro e fora dos EUA, era raro encontrar atletas de origem africana nas quadras de tênis. Ainda mais difícil era a possibilidade de participarem em torneiros internacionais, barreiras que Althea conseguiu superar com excelência, abrindo caminho para outras atletas negras neste esporte. Gibson fez carreira profissional no tênis e no golfe e chegou a ser treinadora das vitoriosas irmãs do tênis, Venus e Serena Williams. O filme sobre sua vida está disponível no Youtube e no Telecine.
Semanas antes de ser coroada Miss Universo, aos 18 anos, a modelo israelense Linor Abargil foi estuprada e esfaqueada em Milão. Mesmo assim, ela participou do concurso e ganhou a coroa. Depois disso, prometeu se dedicar a prestar ajuda às vítimas de abuso em todo o mundo. O documentário “Brave Miss World”, que chegou a ser indicado ao Emmy, acompanha sua trajetória do momento em que foi violentada e narra seus passos depois de ser corada. Ela viaja o mundo dando palestras, conversando com mulheres e dividindo sua experiência. Disponível na Netflix.
O documentário dirigido por Ana Rieper narra a história da cantora brasileira Clementina de Jesus (1901-1987), remontando a momentos de sua infância e vida pessoal, mas com foco principal na carreira da artista, iniciada tardiamente, quando ela já tinha 62 anos. O filme também ressalta a tradição oral fundamental para a construção do repertório de música afrobrasileira da cantora, considerada o “elo perdido” entre a cultura da África e do Brasil. A música e o jongo sempre fizeram parte da vida de Clementina de Jesus e, mesmo que sua carreira profissional tenha começado tarde, ela rapidamente se tornou um dos maiores expoentes do samba, influenciando toda uma geração da música popular brasileira. O filme está disponível no Canal Curta!.
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O documentário narra a história da ativista e líder trabalhista Dolores Huerta, que criou o slogan “Yes, we can”(Sim, nós podemos, em português), popularizado durante a campanha de Barack Obama à presidência dos EUA. Nascida nos Estados Unidos em 1930, mas de origem latina, Dolores foi cofundadora da União dos Trabalhadores Rurais dos EUA e se fortaleceu como uma das mais influentes ativistas pelos direitos do trabalho no século XX e do movimento latino por direitos civis. O documentário narra suas dificuldades, que vão desde criar 11 crianças, as desigualdades de gênero, a derrota e a vitória na União dos Trabalhadores Rurais até sua quase morte durante uma batalha. O filme está disponível no GloboPlay.
Um clássico estrelado por Julia Roberts, o filme conta a história de Erin Brockovich, uma técnica jurídica e ativista ambiental que decidiu enfrentar uma grande empresa quando descobre que a água de uma cidade no deserto está sendo contaminada pelos seus detritos, espalhando doenças entre seus habitantes. Após vencer um processo de 333 milhões de dólaras contra a companhia em 1996, Erin se torna famosa e se fortalece como ativista ambiental. Por sua interpretação como Erin Brockovich, Julia conquistou o Oscar, o Globo de Ouro, o Screen Actors Guild e o BAFTA de melhor atriz. O filme está disponível no Globo Play.
O filme estrelado e produzido pela atriz mexicana Salma Hayek teve como intuito retratar a conterrânea Frida Kahlo (1907-1954) para o mundo de uma forma que o México não fosse estereotipado. O longa de ficção mostra a vida da pintora desde sua adolescência até a morte, narrando as inúmeras tragédias que enfrentou, o conturbado casamento com o também pintor Diego Rivera e ainda como ela se tornou um dos principais nomes da arte mexicana. Morta em 1954, aos 47 anos, além de ser referência no mundo das artes, se tornou símbolo do feminismo, inclusive no Brasil.O filme está disponível na Netflix.
O documentário faz um registro histórico do Jamurikumalu, o maior ritual feminino indígena do Alto Xingu, no Mato Grosso. O filme conta a história de um velho integrante da comunidade indígena, que com medo de que sua esposa já idosa morra, pede que seu sobrinho realize o ritual, para que ela possa cantar mais uma última vez. As mulheres do grupo começam os ensaios enquanto a única cantora que de fato sabe todas as músicas se encontra gravemente doente. O documentário brasileiro dirigido por Carlos Fausto, Leonardo Sette e Takumã Kuikuro está disponível para locação no Youtube.
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O documentário faz um retrato íntimo da jovem Malala Yousafzai, que foi alveja pelo Talibã e gravemente ferida por um tiro ao voltar para casa em seu ônibus escolar, no Paquistão, em 2012. Depois de sobreviver ao ataque, a jovem de 15 anos foi apontada, ao lado de seu pai, como defensora da educação de meninas ao redor do mundo. Sua trajetória e militância lhe renderam um Prêmio Nobel da Paz, em 2014. Atualmente, com 22 anos, a ativista segue atuando pelo direito à educação como porta-voz da Fundação Malala. O filme foi dirigido por Davis Guggenheim e está disponível para compra ou aluguel no Youtube ou no Google Play.
A ex-primeira dama dos Estados Unidos Michelle Obama é tema do documentário “Minha História”, que a acompanha durante a turnê de lançamento de sua biografia. Ela viajou por 34 cidades americanas, participando de eventos, se encontrando com fãs e realizando rodas de conversa com jovens. Mas, mais do que um documento sobre os bastidores da turnê, “Minha História” narra a trajetória de Michelle, de mulher negra da classe média de Chicago aos estudos em duas universidades importantes, o casamento com Barack Obama, o nascimento das filhas, a depressão pós-parto e os anos na Casa Branca. O filme, disponível na Netflix, se concentra na mulher, cujo carisma é indiscutível, e que permanece uma inspiração para tantas outras.
O longa de ficção conta a história de Ruth Bader Ginsburg, advogada que tornou-se a segunda mulher na História a ocupar uma cadeira na Suprema Corte dos Estados Unidos, posto que mantém até hoje, aos 87 anos. Antes de ocupar o assento, Ginsburg gastou uma parte considerável de sua carreira jurídica defendendo o avanço da igualdade de gênero e dos direitos das mulheres, acumulando múltiplas vitórias argumentando diante dos juízes da mais alta Corte do país. Em 2015, a figura de Ruth — o cabelo preso em um pequeno rabo de cavalo na nuca, grandes óculos e golas de renda ou de cores brilhantes sobre a toga — e o discurso dessa defensora dos direitos das mulheres viralizaram, transformando-a em ícone millennial. O filme, estrelado por Felicity Jones, narra o caminho de Ruth até a Suprema Corte e a história poderosa e otimista da luta das mulheres pela igualdade. Disponível no Google Play e Youtube.
Article Source: oglobo.com