Memória Cinematográfica Catarinense

WALDEMAR ANACLETO, O FOTÓGRAFO DA ILHA


 


Waldemar Anacleto nasceu em agosto de 1923, no bairro Coqueiros, Florianópolis. Foi fotógrafo do Governo do Estado de Santa Catarina entre as décadas de 1950 e 1970. Fotografou e filmou o Estado e muitos dos seus personagens.


CANAL MEMÓRIA

Parte 1


TV UFSC - CANAL MEMÓRIA


Parte 2


Waldemar Anacleto, o fotógrafo da Ilha


Decupagem de Roberto Lacerda e Imagens de Zeca e Grassiela

D E C U P A G E M:

_COMEÇO DO TRABALHO: CONVIDADO A FOTÓGRAFO DO GOVERNO IB...

00:04:55 , aí foi quando eu comecei a trabalhar. Fui convidado para ser fotógrafo do governo. Eu comecei a trabalhar com o Seu Irineu Bornhausen. Que foi governador de 1950 a 1955. E dali continuei até o fim da minha aposentadoria. Eu trabalhei com 10 governadores. Trabalhei com 10 governadores.

_IRINEU BORHAUSEN, JORGE LACERDA, HERIBERTO HULSE, CELSO RAMOS, IVO SILVEIRA, COLOMBO SALES, JORGE BORNHAUSEN E AMIN

00:34 (O Sr. se lembra de todos eles?) Sim. Começou com o Sr. Irineu Bornhausen, depois foi o Jorge Lacerda. Ah... O Jorge Lacerda faleceu num desastre aviatório. Entrou o seu vice-governador o Seu Heriberto Hülse. Depois do Seu Heriberto Hülse foi o Seu Celso Ramos. Ah... Grande que se diga. Grande governador. E... E depois do Celso Ramos, é... Veio Ivo Silveira. Ivo Silveira, veio Colombo Sales. Colombo Sales veio Jorge Bornhausen. E, depois, é... Saí com o Dão, com o Esperidião Amin. Sai com o Esperidião Amin. (risos)

_GOVERNADORES INÉDITOS, NÃO ERA COMUM

01:20 (O Sr. podia falar um traço que marcou em cada um deles, da personalidade deles?) Não, não me lembro detalhes assim. (O primeiro qual foi?) O primeiro foi o Seu Irineu Bornhausen. (Do Irineu o Sr. se lembra de algum?) Eu não me lembro assim de alguma passagem. Todos esses governos eram, vamos dizer... De acontecimentos inéditos quase todos eles, né? Porque era uma época ainda, vamos dizer... Não era como hoje. Que um governador hoje é uma coisa comum. Naquele tempo o governador era o governador, né? Que se abria tudo e se fechava tudo quando ele queria, né? Mas, não tenho assim uma...

_JL: GREVE DE ESTUDANTES, FECHARAM O PALÁCIO, A POLÍCIA ISOLOU. JL MANDOU ABRIR AS PORTAS E A POLÍCIA SE RECOLHESSE. INVADIRAM O PALÁCIO COM PAUS E PEDRAS. ELE NA ESCRIVANINHA: “MEU DEUS...” BANHO DE ÁGUA FRIA NOS ESTUDANTES: SE RECOLHERAM

02:19 Só me lembro dum detalhe do Jorge Lacerda. O Jorge Lacerda, a população fez aí uma greve de estudantes. E... Fizeram um movimento aí. Não sei reivindicando o que, mais ou menos. Mas, sei que foi uma greve, e cercaram o Palácio, aquela coisa. E a polícia, então, queria fechar e isolar o Palácio.

02:46 Então, o Jorge mandou... O governador Jorge Lacerda mandou que abrissem as portas do Palácio, todas. E que a polícia se recolhesse. Não ficasse ostensiva. E ele sentou no gabinete e esperou a invasão dos estudantes todos. Que entraram no Palácio acima, invadiram (cachorro) o gabinete dele.

03:03 E quando invadiram o gabinete, que chegaram na frente dele... Ele sentado na escrivaninha... Ah... Eu me lembro que ele disse assim... Com paus, pedras na mão, tudo, aqueles estudantes. E ele aí disse: “Meu Deus, será que estou vendo certo? Será que estou vendo direito? Os estudantes da minha terra, que estudam tanto. E agora estão aí de paus e pedras na mão, na frente do governador?”

03:33 E aí aquilo, aquilo foi uma... Um banho de água fria, né? Um banho de água fria no... no... Nos estudantes. Porque aquilo foi se recolhendo um por um. Foi tirando um por um. Foram se retirando. O Palácio ficou vazio. (risos) Não precisou fazer nada. O Palácio ficou vazio. Saíram todos sem mais nada, né? (Desmontou, né?) (afirma) Desmontou... Exatamente.

_ACOMPANHEI IB NA SERRA: ERA UM ALINHAVADO

04:00 Esse foi... A única coisa que eu me lembro do Jorge. O resto foi (cachorro) que correu no governo. Tudo certo, tal... A gente não... (O Irineu foi que construiu ... Rio do Rastro foi na época dele?) Foi na época dele (afirma). Começou na época dele. (E o Sr. fotografou lá?) É, acompanhei várias, em várias vezes (cachorro), né? Acompanhei por várias vezes na subida. Ainda era uma coisa, como se diz... Um alinhavado. Ficou um alinhavado na Serra.

_FOI MELHORANDO COM OS GOVERNOS: PARTEZINHA. NÃO TINHA PASSAGEM DE CARROS. DESAFIO. A ENGENHARIA DIZIA PRO SEU IRINEU QUE NÃO. ELE DISSE: “É POSSÍVEL!” E CONSEGUIU REALIZAR SEU DESAFIO

04:30 E depois foi melhorando com os outros governos. Cada um fez uma partezinha. E de forma que melhorou pelo estado que está hoje. Mas, iniciou... Aquilo ali era uma picada de tropeiros, né? Era uma picada de tropeiros. Que não tinha ainda uma passagem de carros, e tal. Com o Seu Irineu... Foi um desafio. Porque a própria Engenharia dizia pro Seu Irineu que ele não... Que não era possível fazer uma estrada ali. Ele disse: “Não, é possível e vamos fazer!” E até o fim do governo dele, ele passou de carro ali. Ele passou de carro. E conseguiu realizar o que... O desafio dele.

_ENTREI COM O PAI E SAI COM O FILHO. SOU AMIGO ÍNTIMO DO DÃO, MAS ME APOSENTEI. FIZ UMA PROMESSA E CUMPRI

05:10 (E o Sr. encerrou com o Esperidião?) Com o Jorge Bornhausen eu entrei com o pai e sai com o filho, né? (risos) Entrei com o pai e sai com o filho. E o Dão me convidou muito, eu sou muito amigo do Dão. A gente... Somos muito íntimos. E, mas eu não quis porque eu tinha feito uma promessa a mim mesmo de que quando eu me aposentasse eu... Quando chegasse o meu tempo eu queria me aposentar. E não trabalhar mais. E, de fato, cumpri essa promessa.

_(O SR. COMPROU SUA FOTO DO RUHLAND?) DA VIÚVA. (O SR. CONHECEU?) EU CONHECI RUHLAND. EU MORAVA NA CONSELHEIRO MAFRA. 16 ANOS E RUHLAND TINHA UMA FOTO NA CONS. MAFRA. E A GENTE CONHECEU MUITO O RUHLAND. TINHA UMA FAMA. O RUHLAND, O JULHO: FOTÓGRAFOS DE ATELIER, RETRATISTAS

05:55 (O Sr. comprou a sua Foto do Ruhland? Do Joseph?) É, da viúva, da viúva, da viúva Ruhland. (O Sr. chegou a conhece-lo, o Ruhland?) Eu conheci o Ruhland. O Ruhland conheci sim. Conheci. Eu morava na Conselheiro Mafra. Em garoto de 16 anos, ali na Conselheiro Mafra. E o Ruhland, naquele tempo, tinha uma foto na Conselheiro Mafra. E a gente conheceu, conheceu muito o Ruhland. E tinha uma fama. Bom, o Ruhland, o Julho, esses fotógrafos eles eram, realmente fotógrafos de atelier. Era, como chamados, retratistas.

_PESSOAS HÁBEIS. O RUHLAND E O JULHO ERAM FORMADOS NA ALEMANHA. TINHAM CONHECIMENTOS PROFUNDOS. A GENTE NUNCA CHEGOU A TAL PONTO. A GENTE DESENVOLVEU-SE EM REPORTAGENS, EM ATUALIZAÇÕES... O RUHLAND ERA UM RETRATISTA, COMO O JULHO, MUITO HÁBEL. ERAM FAMOSOS. BRINCAVAM COM A ARTE DE FAZER

06:42 Eram pessoas hábeis. Inclusive o Ruhland e o Julho eram formados na Alemanha. Eles tinham, assim, conhecimentos profundos. Que a gente nunca chegou a tal ponto, realmente. A gente tinha... Desenvolveu-se em reportagens, em atualização de coisas. Mas, eles tinham habilidades mais profundas, né? (Eu já vi fotos deles aí pelo Estado. Tudo fotos trabalhadas...) Ah, é! O Ruhland era realmente um retratista. Como o Julho era um retratista muito hábel. Eles eram famosos. Eles brincavam com a arte de... Com o manuseio de fazer.

_ELES RETOCAVAM...

07:30 Eles retocavam. Tina um retoque, por exemplo, se um sujeito...

_ERA UM PESO. HOJE É UMA MAQUINAZINHA

07:47 Eu me lembro, realmente, que era um peso. Hoje é uma maquinazinha (fechado).

_A FOTO ERA NA FELIPE SCHMIDT

08:00(aberto) (Sua Foto era ali na Felipe Schmidt?) Era na Felipe Schmidt. Sempre foi na Felipe Schmidt. Eu tive 3 fotos...

_A MINHA MULHER VENDEU. ERA EM CIMA DA LOTERIA, NO PRÉDIO AMÉLIA NETO. EMBAIXO DA ÓTICA MODELO. EU MONTEI EM 1960. OS OUTROS FORAM TAMBÉM NA FELIPE S., ANTIGAMENTE TINHA UMA CASA COMÉRCIO

08:28 (O Sr. pode repetir? O que mais tempo levou era ali na Conselheiro?) Eu acho que o que mais tempo levou, a minha mulher vendeu agora. Era ali em cima da loteria. No prédio Amélia Neto, né? Em cima da... Embaixo era a Ótica Modelo, tal... Em cima. Eu montei aquilo em 1960. E tá até hoje. A minha mulher acaba de vender. Esses dias que vendeu. Mas, o outros foram também na Felipe Schmidt. É... No início da Felipe Schmidt. Ali perto. Antigamente tinha... Hoje eu não sei qual a casa comercial.

_TINHA O GALUF EMBAIXO. EM CIMA EU BOTEI O FOTO REAL, VEIO A SER O REALCOLOR HOJE. TEVE MUITOS ANOS ALI. EU SAÍ E PASSEI PARA O FELIPE. O FELIPE CONTINUOU E AMPLIOU PARA O SISTEMA DE REALCOLOR. MAS, COMECOU COM O REAL FOTO ALI

09:00 Tinha o Galufi embaixo, tal. Em cima eu botei o Foto Real. Que veio a ser o Real Color hoje, né? A continuação do Realcolor. E teve muitos anos ali. Depois eu saí e passei,então, para o Felipe, né? O Felipe continuou. Depois, mais tarde, ampliando para o sistema de Realcolor que eles têm hoje. Mas, começou com o Real Foto ali.

_DEPOIS EU MONTEI ESSE ALI NO EDIFÍCO AMÉLIA NETO, EM 1960. NO DECORRER DESSE 42 ANOS EU OPEREI SEMPRE ALI. É UMA DAS FOTOS MAIS ANTIGAS DE FLORIANÓPOLIS

09:36 E depois, então, eu montei esse ali no Edifício Amélia Neto em 1960. Aí veio a... Veio, então, no decorrer desses 42 anos, né? No decorrer desses 42 anos eu operei sempre ali. De forma que é uma das fotos mais antigas de Florianópolis.

_PENA QUE EU NÃO TENHA O ARQUIVO. HOUVE UM INCÊNDIO E ME ESTRAGOU QUASE TOTALMENTE O ARQUIVO. EU TINHA O CASAMENTO DE TODA A SOCIEDADE FLORIANOPOLITANA. EU FOTOGRAFEI TODOS OS GRANDES CASAMENTOS. TODO O ARQUIVO FOI INUTILIZADO: FOGO E ÁGUA. INCENDIOU DO LADO, UMA ALFAIATARIA, E ATINGIU O ARQUIVO

10:25 (E o que o Sr. fotografava, além do governo?) Eu fiz, pena que eu não tinha hoje o arquivo. Porque houve um incêndio e me estragou grande... Me estragou quase totalmente o arquivo. Mas, eu tinha o casamento de toda a sociedade florianopolitana, né? Eu fotografei todos os grandes casamentos de Florianópolis. (E perdeu tudo?) Perdi tudo. Todo o arquivo foi inutilizado. (Como é que foi perdido?) Por causa do fogo e água, né? Porque o bombeiro teve que... (Incendiou o seu estúdio?) Não. Incendiou do lado. Uma alfaiataria e atingiu o meu. E ainda atingiu o arquivo todinho.

_EU TINHA... OS CASAMENTOS DE TODA A SOCIEDADE FLORIANOPOLITANA. OS GRANDES CASAMENTOS: A FAMÍLIA CELSO RAMOS, A HU, OS OLIVEIRAS. EU FOTOGRAFEI AQUELES CASAMENTOS TODOS

11:08 Mas, eu tinha toda a... Eu fiz os casamentos de toda a sociedade florianopolitana. Os grandes casamentos que houveram aqui, né? A família Celso Ramos, toda a “HU?”, e todas aquelas... Os Oliveiras... Tudo isso eu fotografei, aqueles casamentos todos.

_(E O CINEMA, O HERBERT RICHERS, ESSES CINE REGISTROS DE JORNAIS?) EU ERA FOTÓGRAFO E O CINEMA ME ATRAIA. COMECEI A FAZER UNS FILMEZINHOS COM UMA MÁQUINAZINHA, NÃO LEMBRO A MARCA. MUITO ANTIGA

11:35 (E como é que o Sr. chegou a... Come é que aconteceu o negócio de cinema. Desses Cine Registros de jornais da Herbert Richers?) Bom, como aconteceu? É o seguinte. Eu era fotógrafo e o cinema realmente me atraia, né? É, me atraia. E eu comecei a fazer uns filmezinhos com uma maquinazinha. Não me lembro até o nome da máquina. Era uma máquina muito antiga, muito velha.

_EU FIZ UMAS FILMAGENS QUE FORAM APROVEITADAS POR UM JORNALISTA DO RIO OU DE SP, EM 35 MM. ELE CHEGOU AO CONHECIMENTO DO HERBERT RICHERS E FUI CONVIDADO PELO IRMÃO DELE SER O FOTÓGRAFO

12:02 E eu fiz umas filmagens. Numa daquelas filmagens que foram aproveitadas por um jornalista do Rio ou de São Paulo, eu não me lembro agora. (Em 35mm, né?) Em 35mm. Ele chegou ao conhecimento do Herbert Richers. Então, eu fui convidado pelo Herbert Richers. Pelo irmão dele ser o fotógrafo. A ser o fotógrafo...

_(O SR. TRABALHAVA SEM SOM?) SEM SOM. EU TRABALHAVA COM FOTOGRAFIAS. CONSERTEI UMA MÁQUINA QUE ME APARECEU, UMA FILMADORA MUITO ANTIGA, NÃO LEMBRO A MARCA. FIZ UMAS TOMADAS E, CASUALMENTE UM JORNALISTA QUE VEIO DO RIO OU DE SP, NÃO ME LEMBRO BEM, GOSTOU. FOI UM FILME QUE EU PRÓPRIO REVELEI EM CASA. E PASSAVA NUMA MÁQUINA “BATE FRAME”, QUE EU TINHA DE CINEMA. ELE GOSTOU DAS TOMADAS DE FILME. E DISSE QUE IA CONVERSAR COM O HERBERT RICHERS

13:00 (Esse é o problema do som, né? O Sr. trabalhava sem som, né?) Sem som. É. (afirma) (O Sr. pode retomar esse final aí... Do contato. O Sr. trabalhava com...) É, eu trabalhava com fotografias. E fiz uma... Consertei uma máquina que me apareceu. E era uma filmadora muito antiga. Não me lembro a marca. E eu fiz umas tomadas nessa máquina. E, casualmente, um jornalista que veio do Rio ou de São Paulo. Não me lembro bem de onde, gostou. Esse filme foi até um filme que eu próprio revelei em casa. E passava uma máquina. Numa “Bate Frame”, que eu tinha de cinema, né? E ele gostou das tomadas de filme. E disse que ia conversar com o Herbert Richers.

_DEPOIS DE UM TEMPINHO EU FUI. RECEBI UMA COMUNICAÇÃO PRA IR AO RIO VISITAR O HERBERT RICHERS. TIVE UMAS AULAZINHAS, UNS DIAS LÁ RECEBENDO UNS TREINAMENTOS. E VOLTEI JÁ COM A AIWA E COM UM ESTOQUE DE FILMES. PARA OS ACONTECIMENTOS MAIS IMPORTANTES DE F.

13:48 Realmente, depois de um tempinho eu fui. Recebi uma comunicação pra ir a São Paulo. Aliás, no Rio. Fui no Rio visitar o Herbert Richers. Onde tive umas aulazinhas, tive uns dias lá. Recebendo uns treinamentos. E voltei. Então, já com a Aiwa e com um estoque de filmes onde comecei a fazer os acontecimentos assim mais importantes de Florianópolis.

_FOI O CASO DA POSSE DO JL. UM DESSES PRIMEIROS SERVIÇOS, EM 1955. A DIPLOMAÇÃO. VÁRIOS ACONTECIMENTOS, VIAGENZINHAS. O QUE ERA POLITICAMENTE DESTAQUE PARA FLORIANÓPOLIS, PARA O BRASIL

14:20 Que foi o caso da Posse do Jorge Lacerda. Foi um desses primeiros serviços. (Que ano era?) Em 1955. (Em 1955, o Sr. começou?) 55. Aí, fiz a Posse dele. Não fiz a Diplomação dele. Depois, fiz a Posse. Depois, fiz vários acontecimentos, várias viagenzinhas que ele, que ele teve. Aí, fui fazendo tudo o que era politicamente destaque para Florianópolis, para o Brasil. E eu fui fazendo.

_FILMEI O INCÊNDIO DA ASSEMBLÉIA, QUANDO PEGOU FOGO EM 1956. O VOLNEI COLLAÇO DE OLIVEIRA ERA O PRESIDENTE DA ASSEMBLÉIA

14:55 E, inclusive, filmei o incêndio da Assembléia, quando a Assembléia pegou fogo. (Qual foi o ano?) Foi, a Assembléia pegou fogo em mil e novecentos... Ai meu Deus. Esses detalhes aí eu não tenho muita precisão. Mas, 1958, mais ou menos. Não 1957, foi 1956, 7 por aí. Era o Volnei Collaço de Oliveira, que era o Presidente da Assembléia. Me lembro bem do Presidente. Mas, do ano não tenho bem certeza assim. Mas, acho que foi 1957.

_EU FIZ ESSE INCÊNDIO. EU ERA MEIO AFOIDO, NOVO. JOVEM METIDO A GOSTOSÃO. ME METI NO MEIO DO INCÊNDIO, E FIZ DENTRO DO PRÓPRIO INCÊNDIO. QUASE QUE CAIU O TETO NA MINHA CABEÇA. E CONSEGUI, DEPOIS, SAIR. MAS FIZ O FILME COM MUITO SUCESSO

15:40 E, inclusive, eu fiz esse incêndio. Eu era meio afoito, novo, né? Jovem, metido a gostosão. Me meti no meio do incêndio a... E fiz dentro do próprio incêndio. Quer dizer, quase que caiu o teto na minha cabeça. E consegui, depois, sair. Mas, fiz o filme assim com muito sucesso. (E quanto de material tinha esse fogo bruto que o Sr. fez?)

_ESSE MATERIAL BRUTO TINHA POSSIVELMENTE 10 MINUTOS. ERA UM ROLO DE 30 METROS. MAIS OU MENOS UNS 10 MINUTOS. DEPOIS ELES FAZIAM OS CORTES. NO JORNAL NACIONAL VEIO REDUZIDO A 1 MINUTO

16:05 Não, esse material bruto tinha o quê? Tinha assim, possivelmente 10 minutos. Era realmente um rolo de 30 metros, né? Tinha mais ou menos uns 10 minutos. Depois, lá eles faziam os cortes, evidentemente. E, no Jornal Nacional, quando apareceu. É, isso veio reduzido (alarme) a 1 minuto, a 1 minuto e meio, mais ou menos isso, né? Eles foram... Vários cortes aqui tal...

_O CINEMA É COMO TELEVISÃO HOJE: OS SEGUNDOS, OS MINUTOS SÃO CAROS. ELES FIZERAM AQUELES CORTES NECESSÁRIOS. EU MANDAVA SÓ OS DADOS. LÁ ELES EDITAVAM. ELES REVELAVAM. ELES CORTAVAM

16:33 Naquele tempo o cinema é como (passarinho) televisão hoje: os segundos, os minutos são caros. Então, eles fizeram aqueles cortes necessários, e... (gestos) (Então, o processo era esse. O Sr. filmava aqui, enviava pra eles lá. E eles mandavam editado?) Eles, é. Eu mandava só os dados, assim. Mais ou menos, né? Mandava os dados. De lá eles editavam. (Eles revelavam.) Eles revelavam. Lá eles cortavam. Lê eles... Bom... Lá eles faziam o que..., né?

_EU RECEBIA O MEU ORDENADO POR MÊS. ELE ME PAGAVA POR MÊS. ERA CINE JORNAIS. O MEU, FEITO POR MIM ERA SÓ SOBRE SC. (E OS EXIBIDOS AQUI?) ERA NACIONAL, VINHA DE TODO O TERRITÓRIO NACIONAL. OS ACONTECIMENTOS VINHAM NAQUELES JORNAIS

17:04 E eu, eu recebia o meu ordenado por mês. (passarinho) Ele me pagava por mês, né? (E era Cine Jornais?) Exato, Cine Jornais.(Mas, os Cine Jornais exibidos aqui nos cinemas eram só sobre Santa Catarina, ou não?) (mulher) Não. O meu, feito por mim, era só Santa Catarina. (Mas os que eram exibidos aqui?) Ah, não. Era nacional (passarinho) (Vinham editados juntos com o seu material, o nacional.) Nacional, exatamente (criança). Era nacional. Vinha todo o território nacional. Os acontecimentos vinham aqui naqueles jornais, né?

_A HERBERT RICHERS TEM ISSO AINDA. EU CREIO NO RIO

17:37 (E esse acervo o Sr. acha que ainda existe? Esse acervo da...) A Herbert Richers tem isso ainda. (Tem todo esse material?) Tem. (Quer dizer, o material editado, né? O bruto não?) Eu creio que eles tem mesmo. Pois é? Não sei se... (O Sr. não tem certeza?) Não tenho certeza s eles tem o bruto, se tem só o editado, né? (A Herbert Richers é em São Paulo, né?) É em São Paulo, é. Não, mas tem no Rio também. (O Sr. acha que esse acervo tá aonde, no Rio?) Eu acho que é no Rio.

_OS DIREITOS SÃO DELES. QUERIAM FAZER AÍ UM DOCUMENTÁRIO DO JL E VIERAM ME FALAR. EU DISSE: “DA MINHA PARTE EU PERMITO, MAS EU NÃO TENHO... OS DIREITOS AUTORAIS SÃO DA HERBERT RICHERS

18:07 (E os direitos autorais são deles, né?) Os direitos são deles. (É o Sr. era funcionário deles.) Exato, os direitos são deles, é. Tanto é que para o... Queriam fazer aí um Documentário do Jorge Lacerda e vieram me falar. Eu disse: “Olha, da minha parte que eu permito, mas eu não tenho... Os direitos autorais são da Herbert Richers, né?

_ELES TEM ESSA COISA. ENTÃO, FALARAM COM ELE E FIZERAM LÁ UM FILME. POR INTERMÉDIO DO HERBERT RICHERS

18:30 Eles tem essa coisa. Então, falaram com ele. E parece que fizeram lá um filme. Foram feitas algumas coisas por lá. Por intermédio do Herbert Richers.

_TODA A VIDA TRABALHEI COM FILME NEGAT. (E A SUA EQUIPE?) ERA SÓ EU

18:45 (Então, o Sr. trabalhava com negativo ou com filme reversível positivo?) Não, com filme negativo. Filme negativo. Filme negativo, toda a vida trabalhei com filme negativo. (E a sua equipe era só o Sr.?) Era só eu, era só eu.

_EM CINEMA EU COMECEI EM 1955. ACONTECIMENTO TEVE MUITO, MAS EM FLORIANÓPOLIS NÃO ERAM GRANDES. COM DESTAQUE EU FIZ A CAMPANHA POLÍT. DO JL, QUE ERA MUITO GRANDE. DIPLOMAÇÃO E POSSE

19:00 (O Sr. começou em cinema em...?) Em cinema eu comecei em 1955. (E quais foram os principais acontecimentos que o Sr. filmou?) Acontecimentos, assim, teve muito. Era o que acontecia em Florianópolis, também não eram grandes, né? Mas, tudo o que aconteceu, assim com destaque eu fiz. Foi, por exemplo, a Campanha Política do Jorge Lacerda, que naquele tempo era muito grande. E a sua Diplomação e a sua Posse.

_(A QUEDA DO AVIÃO?) LAMENTAVELMENTE COMO REPÓRTER EU NÃO PUDE FAZER, ME ABALOU EMOCIONALMENTE. EU GOSTAVA MUITO DO JL. ELE ERA MUITO MEU AMIGO. ME PROTEGIA MUITO

19:35 (A queda do avião?) Não, não. Isso aí, lamentavelmente eu como repórter eu não pude fazer pra concluir. Além de me prejudicar muito, me abalou emocionalmente. Porque eu era muito... Eu gostava muito do Jorge Lacerda. E ele era muito meu amigo. Era uma pessoa que me protegia muito.

_FIZ PESCA DE TAÍNHA, NOS INGLESES. FIZ A FESTA DA MAÇÃ, EM SÃO JOAQUIM. VINHA MILHÕES DE TAÍNHAS. CONCURSO DE MISSES E OUTROS

20:10 (Além dos eventos políticos, o que o Sr. filmou?) Eu fiz, por exemplo, Pesca de Taínha, nos Ingleses. Eu fiz a Festa da Maçã, em São Joaquim. (A Pesca da Taínha, naquela época, vinha bastante taínha?) Imagina, vinha milhões de taínhas. Daí, tinha maior que essa casa aqui de taínha. (E tinha nessa filmagem?) Tinha nessa filmagem. (Essa não tá com o Sr.?) Não, não está comigo. (Mas, deve estar lá?) Deve tá lá na Herbert Richers. (passarinho) (E o que mais assim... Festa da Maçã?) Festa da Maçã, Concurso, daquelas Misses que tinha naquele tempo, também. Mais ou menos isso. Bom, e muitos acontecimentos que hoje...

_EU FILMEI DE 55 ATÉ 70 MAIS OU MENOS. DEPOIS EU FUI CONTRATADO PRA FAZER PARTE DA EQUIPE PALACEANA. E FUI O CHEFE DO SERVIÇO FOTOGRÁFICO DE IMAGENS DO PALÁCIO DO GOVERNO

21:00 (E o Sr. acha que... O Sr. filmou de 55 até que ano?) (passarinho) Eu filmei de 55 até 70 mais ou menos. (Tudo isso?) Até 70, 68 por aí. (cachorro) Eu não tenho muita precisão. Depois, eu fui contratado. Chamado já pra fazer parte da Equipe Palaceana. E fui o Chefe do Serviço de Imprensa, não. Chefe do Serviço Fotográfico de Imagens do Palácio do Governo.

_NESSA FUNÇÃO EU FIQUEI 15 ANOS. O RESTANTE COMO ASSESSOR DE GABINETE DE 3 GOVERNADORES. NÓS TRABALHÁVAMOS COM FILMAGENS DE 16 MM. ERA INTERNO DO GOVERNO

21:36 Nessa função eu fiquei 15 anos. Nessa função eu fiquei 15 anos. Depois, o restante eu fiquei como Assessor de Gabinete de 3 governadores. (O governo não trabalhava com filmagens nessa época?) Não, nós trabalhávamos com filmagens. Aí, já era filmagem 16 mm. Aí, era interno. (Era do governo?) Era do governo, é.

_(E COM O HERBERT RICHERS?) ERAM COISAS DE RELEVO, NÃO ERA UM ACONTECIMENTO PEQUENINHO. PORQUE O HR NÃO IA EDITAR ISSO

22:03 (Voltando à década de 50, 60, 70, com o Herbert Richers. Eram essencialmente acontecimentos políticos?) Coisas de relevo, não eram assim um acontecimento pequeninho. Porque o Herbert Richers não ia editar isso.

_(O GOVERNO PAGAVA AO HR?) NÃO, ERA INDEPENDENTE. O GOVERNO NÃO PAGAVA NADA E O HR NÃO PAGAVA NADA AO GOVERNO

22:35 (Mas, o governo pagava ao Herbert Richers?) Não, isso era independente. O governo não pagava nada e o Herbert Richers não pagava nada ao governo. Absolutamente nada.

_(O SR. SE LEMBRA DO GRUPO SUL?) LEMBRO POUCA COISA

22:50 (O Sr. se lembra do Grupo Sul, daquele movimento que o meu pai, o Salim Miguel participou?) Não, não me lembro. (Não lembra daquele filme que eles fizeram em 1957?) Não, muita pouca coisa.

_(QUAL A PERIODICIDADE QUE O SR. MANDAVA PRA LÁ?) DE ACORDO COM ACONTECIMENTOS. SE DEMORASSE, NADA PODERIA ACONTECER, NADA MANDARIA. E QUANDO ACONTECIA EU MANDAVA. A GENTE FAREJAVA O QUE ACONTECIA DE RELEVÂNCIA PARA UM JORNAL NACIONAL. JÁ QUE NÃO ERA UM JORNAL DE SANTA CATARINA, NÃO ERA UMA COISA INTERNA. ERA COM JORNAL NACIONAL. PRECISAVA TER RELEVÂNCIA NO ACONTEC. PARA QUE HR COLOCASSE. SENÃO, NÃO ENTRAVA NO JORNAL

23:15 (E o Sr. filmava qual a periodicidade que o Sr. mandava pra lá?) De acordo com acontecimentos. Porque se demorasse, nada poderia acontecer, nada mandaria. E, quando acontecia eu mandava. Então, a gente ficava farejando tudo o que acontecia de relevância para um Jornal Nacional. (passarinho) (No cinema?) Sim, Jornal Nacional. Porque, já que não era um Jornal de Santa Catarina. Não era uma coisa interna, né? Era com Jornal Nacional. Então, precisava ter realmente relevância no acontecimento para que o Herbert Richers colocasse. Senão não ia, não entrava no jornal.

_A GENTE FAZIA MUITA COISINHA MOSTRANDO FLORIANÓPOLIS. FIZ VÁRIAS TOMADAS DA PRAÇA, PALÁCIO, CATEDRAL

23:58 (Mas, o Sr. lembra de ter registrado Florianópolis daquela época nos seus filmes?) Ah, bom. A gente fazia muita coisinha, muitos tapes assim. Mostrando Florianópolis. Eu fiz várias vezes. Várias tomadas da Praça, Palácio, Catedral. A gente fazia muita coisinha nisso.

_(E PRAIA?) NAQUELE TEMPO A GENTE QUASE NÃO FALAVA EM PRAIA. NÃO ERA MUITO EXPLOR. O MIRAMAR NÃO SE DAVA O VALOR QUE HOJE SE DÁ

24:15 (Tinha praia também?) É... Praia naquele tempo a gente quase não falava em praia. Exato. Não era uma coisa muito explorada. As praias eram ainda... (Miramar?) Ah, o Miramar. O Miramar não se dava o valor que se dá hoje que se tem demolido. Porque tinha existia. A gente não dava o valor que... (Mas, o Sr. filmou o Miramar?) Não, especificamente não. Ele pode ter aparecido numa filmagem. Mas, especificamente assim, não. Que eu me lembre.

_A PONTE HERCÍLIO LUZ SIM. FILMEI ELA ILUMINADA, ELA NORMAL. A PONTE ERA UM DESTAQUE PRA FLORIANÓPOLIS. ERA O CARTÃO DE APRESENTAÇÃO. A GENTE NÃO PODIA DEIXAR DE FAZER

25:02 (Ponte Hercílio Luz?) A Ponte Hercílio Luz sim. Filmei. Filmei ela iluminada, filmei ela normal a gente fez várias vezes assim. A Ponte realmente era um destaque. Pra Florianópolis. Era o cartão de apresentação de Florianópolis. E a gente não podia deixar de fazer.

_(ESSE ACERVO ESTÁ COM HR?) COM HR. A NÃO SER ESSES 5 TAPEZINHOS QUE EU TENHO POR CAUSA DE UM PEDIDO DO LIVRO DO JL. O HR ATENDEU A SOLICITAÇÃO DO FILHO, DO NETO DA Dª. KYRANA. ELES MANDARAM

25:35 (Todo esse acervo está com Herbert Richers?) Com Herbert Richers. A não ser esses 5 tapezinhos que eu tenho que veio por causa de um pedido do livro do Jorge Lacerda. O Herbert Richers atendeu a solicitação, me parece, do filho. Do neto da Dª. Kyrana. Então, aí eles mandaram esse takezinho. Esse Jornal com esses 5 takes. Me parece do Jorge Lacerda.

_(E COMO É QUE ERA ESSA CIDADE, FLORIANÓPOLIS EM 55?) TIVEMOS UMA MUDANÇA MUITO GRANDE. FLORIANÓPOLIS ERA REALMENTE ASSIM MUITO BUCÓLICA. MUITO CALMA SEM A UNIVERSIDADE. SEM UMA UNIVERSIDADE ERA UMA CIDADE DE VELHOS

26:15 (E como é que era essa cidade, Florianópolis que o Sr. filmou nesse período em 55?) É, tivemos assim, como todo lugar que aconteceu. Assim, uma mudança muito grande. Florianópolis era realmente assim muito... Uma coisa, uma cidade muito bucólica. Muito calma. Sem a Universidade. Sem a Universidade era uma cidade, assim, praticamente, vamos dizer. Uma cidade de velhos. Uma cidade de velhos.

_MUDOU MUITO. COM A PRÓPRIA UNIVERSIDADE A MUDANÇA FOI REPENTINA. A CIDADE SE RENOVOU E OS ACONTECIMENTOS FORAM OUTROS. AÍ VEIO A EVOLUÇÃO NORMAL DO PRÓPRIO TEMPO. MAS, FLORIANÓPOLIS ERA UMA CIDADEZINHA MARAVILHOSA

26:40 (Mudou muito?) Mudou muito. Com a própria Universidade aqui a mudança foi repentina. A cidade se renovou e os acontecimentos foram outros. Bom, e aí veio a evolução normal do próprio tempo. Que mudou com tudo, né? Mas, Florianópolis era uma cidadezinha maravilhosa.

_EU MORAVA NA CONSELHEIRO MAFRA, 144. NO FINAL, PERTO DA SUBIDA DA PONTE. EU VINHA ATÉ O CENTRO, ATÉ A PRAÇA SABENDO QUEM MORAVA AQUI, ALI... A GENTE CONHECIA TODO MUNDO. EU MORAVA A UM KM DA CASA DO SEU PAI, DO SEU AVÔ. A GENTE CONHECIA NUNES PIRES. TANTO ELE, COMO O VIZINHO DO LADO E O OUTRO. TODO MUNDO

27:05 Você... Eu morava na Conselheiro Mafra, 144. Que era lá no final, perto da subida da Ponte. Eu vinha até o Centro de Florianópolis, até a Praça sabendo quem morava aqui, ali, ali, ali. Tudo a gente... Conhecia todo mundo. A gente conhecia todo mundo. Eu morava, por exemplo a... Vamos dizer... Há um quilômetro da casa do seu pai, do seu avô. Mais ou menos. E, no entanto, a gente conhecia Nunes Pires. Porque eu conhecia tanto ele, como também o vizinho do lado, e do outro, como o outro, como o outro, como o outro. Enfim, a gente conhecia todo mundo.

_ERA UMA CIDADE SÓ UNICAMENTE, QUE SE VIVIA O PESSOAL DA CIDADE. NÃO HAVIA QUASE VISITAÇÕES, MOVIMENTO DE FORA. NÃO HAVIA MOVIMENTO DE FORA. VIAJANTES, ERA MUITO RARO

27:46 Porque, era realmente como eu digo, uma cidade só unicamente e unicamente, vamos dizer assim... Que se vivia o pessoal da cidade. Não havia quase visitações, não havia movimento de fora, não vinha viajantes. Era muito raro uma pessoa, né? Uma pessoa...

_NAQUELE TEMPO O SISTEMA DE CONDUÇÃO PRA VIAJAR PRA FORA ERAM AS EMBARCAÇÕES HOPKE. CARLOS HOEPKE TINHA 3 NAVIOS: O CARLOS HOPKE, O MAX, E O ANA. E O PESSOAL VIAJAVA NESSES...

28:10 Que naquele tempo o sistema de condução pra viajar pra fora eram as embarcações Hoepke. Carlos Hoepke tinha 3 navios: era o Carlos Hoepke, o Max e o Ana. E o pessoal viajava nesses...

_QUANDO UMA PESSOA IA PRO RIO, QUE ERA RARO, ERA UM ACONTECIMENTO ENORME. SAÍA NOS JORNAIS: “FULANO DE TAL VIAJA PARA O RJ...” AQUILO ERA UM ACONTECIMENTO

28:30 Então, quando uma pessoa dessa ia pro Rio, que era muito raro, era um acontecimento enorme. Era um acontecimento enorme! Saía nos jornais. Publicado no jornal: “Fulano de Tal viaja para o Rio de Janeiro...” E aquilo era um acontecimento. (risos) Ô Lourdes... (chama a mulher)

_A UNIVERSIDADE EU NÃO FILMEI. EU FOTOGRAFEI MUITO A UNIVERSIDADE DESDE AS PRIMEIRAS... EU FUI COMPANHIA DO DR. DAVID FERREIRA LIMA NUM MATAGAL DA REGIÃO. OLHANDO E FOTOGRAFANDO AQUILO PARA RELATÓRIOS QUE ELE FAZIA PARA O PRESIDENTE JUSCELINO. REIVINDICANDO A UNIVERSIDADE ALI

29:15 Não, a Universidade eu não filmei. Eu trabalhei, eu fotografei muito a Universidade. Eu fotografei desde as primeiras... Eu fui companhia do Dr. David Ferreira Lima num matagal da região que compunha ali a região da Universidade. Olhando e fotografando aquilo ali para Relatórios que ele fazia para o Presidente Juscelino. Reivindicando realmente a Universidade ali.

_ACOMPANHEI O DR. FERREIRA LIMA ATÉ NO FINAL DA UNIVERSIDADE. NÃO COM FILMES. ESSE ARQUIVO FOI NO... (INCÊNDIO?) EXATAMENTE. NAQUELE VASSOURAL ERA A FAZENDA ASSIS BRASIL

29:48 Eu acompanhei o Dr. Ferreira Lima muito. Até quase no final da Universidade pronta. Mas não com filmes. E esse arquivo foi, também, no... (Foi no incêndio?) Exatamente. Eu tinha desde as primeiras... Que o Dr. Ferreira Lima entrou no mato, eu encontrava com ele naquele vassoural que era ali a Fazenda Assis Brasil, me parece o nome. E ali, então, surgiu a Universidade.

_ESSE INCÊNDIO ACONTECEU EM 78 MAIS OU MENOS. (COMO SE SENTIU VENDO SEU ACERVO INDO...?) A GENTE SE PREOCUPOU E SENTIU. PORQUE JUNTO COM O ACERVO FORAM ALGUMAS MÁQUINAS. EU NÃO TIVE NA HORA A VISÃO DA FALTA DO QUE AQUILO IA FAZER. EU TIVE MAIS TARDE NA FALTA DISSO AÍ. ESSE MATERIAL QUE EU SENTI A PERDA

31:10 (Qual foi o ano desse incêndio?) Esse incêndio aconteceu, foi em 78 mais ou menos. É, mais ou menos 78, 80, por aí. (Como é que o Sr. se sentiu vendo todo esse seu acervo indo...?) Eu te confesso que a gente realmente se preocupou e sentiu. Porque junto com o acervo (cachorro) foi algumas máquinas, algumas máquinas prejudicadas e alguns equipamentos foram danificados. Mas, eu não tinha ainda realmente a visão do que realmente... A falta do que aquilo ia fazer. Eu não tive na hora, assim, aquela visão. Eu tive mais tarde na falta disso aí. Quando faltou esse material que eu senti realmente a perda.