
Cinema celebra 125 anos de sua primeira sessão pública
17 de dezembro de 2020Zeca Pires Homenageia Cacá Diegues com Emoção e Resistência
No dia 17 de maio de 2025, o Jornal ND trouxe um texto que transcende o papel. Uma carta emocionada, escrita pelo cineasta catarinense Zeca Pires, dirigida a um dos maiores nomes do cinema brasileiro: Cacá Diegues.
Neste artigo com tom de confidência, Zeca não apenas presta uma homenagem pela trajetória de Cacá, que se aproxima dos seus 85 anos, mas também faz um desabafo sobre os desafios atuais do audiovisual brasileiro. A carta é uma mistura de reverência, gratidão e resistência, revelando os bastidores do seu mais novo projeto cinematográfico, “O Aviador Francês”, e ao mesmo tempo uma crítica à falta de apoio e à burocracia que sufoca a produção cultural no país.
Zeca relembra com carinho os conselhos que recebeu de Cacá ao longo da vida — lições que ultrapassam o fazer cinema e tocam a essência de qualquer artista: “Não deixe nunca de pensar no teu cinema. Isso é aquilo que você tem tesão de fazer na vida”. Uma chamada potente à autenticidade e à fidelidade aos próprios sonhos, em um cenário onde o cinema luta diariamente contra as adversidades impostas.
Ao mesmo tempo, o texto é um alerta sobre um momento crítico: o Congresso Nacional, segundo Zeca, estaria cometendo um erro histórico ao NÃO regulamentar e taxar as plataformas de streaming, não protegendo, desta forma, o cinema nacional e sua soberania audiovisual. É uma defesa apaixonada da cultura como pilar de identidade e resistência.
A carta também é permeada de lembranças dos filmes icônicos que Cacá dirigiu e que marcaram gerações, como “Bye Bye Brasil”, “Deus é Brasileiro”, “Orfeu” e tantos outros. E finaliza com um convite poético e cheio de afeto: um desejo de reencontro, de conversa, de partilha — como todo bom cinema sabe fazer.
Veja abaixo a matéria na íntegra:
CACÁ DIEGUES 1940/2025
Cacá Diegues, nome artístico de Carlos Diegues, é um dos maiores cineastas brasileiros, roteirista e considerado um dos pais do Cinema Novo, movimento que revolucionou o cinema nacionaL. Nascido em Maceió, Alagoas, em 19 de maio de 1940, Cacá construiu uma carreira marcada por filmes que misturam crítica social, cultura popular e lirismo.
Ao longo de sua trajetória, dirigiu clássicos como “Chica da Silva” (1976), “Bye Bye Brasil” (1980), “Tieta do Agreste” (1995), “Orfeu” (1999), “Deus é Brasileiro” (2003) e “O Maior Amor do Mundo” (2006). Suas obras dialogam com as contradições do Brasil, dando voz aos marginalizados e celebrando a diversidade do país.
Reconhecido internacionalmente, Cacá já teve filmes selecionados para festivais como Cannes, Veneza e Berlim, e é membro da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood, responsável pelo Oscar. Em 2016, foi eleito como ocupante da cadeira 7 da Academia Brasileira de Letras. Mais que um cineasta, é um pensador da cultura brasileira, defensor ferrenho da produção nacional e da soberania audiovisual.
O batismo de fogo do cineasta Zeca Pires foi sendo assistente de direção de Cacá Diegues no filme “Um Trem Para as Estrelas” (1987), filmado na Favela da Maré (RJ), uma experiência que não só o lançou profissionalmente, como também moldou sua visão sobre o fazer cinema no Brasil. Desde então, Zeca trilhou um caminho próprio, profundamente enraizado na valorização da cultura, da memória e das histórias locais de Santa Catarina e do Brasil. Com uma câmera nas mãos e uma inquietação criativa no olhar, ele se tornou referência na produção de filmes que dialogam diretamente com as identidades regionais, a preservação da memória e a resistência cultural.